segunda-feira, agosto 21, 2006

Baralha e volta a dar

Passei perto demais da memória do meu coração. Soubera eu que o dia acabava em ti e não tinha ido. À primeira desviei o máximo que pude até vergar a alma na garganta, e continuar a fingir na conversa que estava ali mas fora de mim. Quando voltámos, parei os olhos na esquina onde fiz cruzamento e me pediste para falar sem me dizeres nada. O coração voltou-me a cair ao chão, e eu a pegar nos estilhaços, e ele a cair, a cair, e eu a pegar nele ao colo e a sussurrar uma música inventada qualquer, para que dormisse e eu pudesse fingir mais um bocado.
Devia ter ido viver uma outra despedida, uma vida nova, mas o aeroporto transformou-se num pesadelo, quando o pó se levantou da boca e deixou falar memórias de risos feitas a dois... desta vez não me consegui sorrir. Magoava-me mais um pedaço a menos no meu pequeno mundo.
Voltei e não cheguei a casa. E quando acordei, ela estava vazia, o eco a escorregar pelas paredes, e a vida a começar. Outra vez.
E se não me apetecer? Penso numa razão, uma razão qualquer para aqui ficar. Tinhas-me dado uma razão, mas baralhaste e voltaste a dar. Não me saiu a mesma mão...Nem o lado esquerdo do coração.
E a casa principia vazia outra vez no final de um domingo onde não choveu tanto como no meu coração.

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