Vi ontem a minha cidade arder, mas não chorei...
Não verto já lágrimas de pena...
Seguro o riso e re-dobro a alegria por estar aqui...apesar de tudo...
De tudo mesmo!...
Coimbra ardeu à minha frente...
Ardeu como nunca se viu nos verões quentes e incendiários...
E eu, impotente - serena?...Jamais! - só, muda e queda...Que é feito das tuas fitas, velha Aeminium, que ora são deixadas assar?...
Assim?!...
Quase sem saber bem porquê...nem por quem?!...
E o saudoso Parque?...
Deixaste-o ao abandono, nesse queimódromo ora pejado de patrocinadores e outros alucinogéneos que tais...
Que é feito do velho traçadinho?...
[(...)Desta vez estou mesmo à rasca!/
Vou-me pirar de mansinho/
Não volto àquela tasca!.../
Não bebo mais traçadinho!(...)]
Vou-me pirar de mansinho/
Não volto àquela tasca!.../
Não bebo mais traçadinho!(...)]
Os pontuais de entrada no recinto
- como agora sói chamar-se, doutoralmente!...-
assaltam-nos, sem dó, a algibeira!...
A festa que sempre foi da estudantada....é agora das poderosas cervejas e afins...
O cortejo...ahhhhhhh o cortejo!
- esse culminar de toda uma praxis que começava, silenciosa, ao sabor da doce carícia da Serenata -
logrou transmutar-se, assustadoramente, nesse fantasma horrendo de bebedeiras desatinadas e garrafas partidas à desgarrada...
Os FRA's soam enfim, tristes, nas buzinas carpideiras do INEM...
Ardeste, Lusa Atenas!...
Ardeste para sempre cá dentro...
De ti, hoje e em mim, restam apenas cinzas que comigo guardo ad semper in memoriam...
Perdoa..., mas parto.
Desculpa se não posso mais ver-te assim, toda tu consumida em chamas...E deixa, toda eu chorosa, que possa ao menos brindar-te...
Só mais esta vez e à antigaaaaaaaaaaa!...
[E pra Coimbra não vai nada, nada, nada!
Mesmo nada, nada, nada!...É que não vai mesmo nada, nada, nada!...
Então...
Com toda a cagança!....
Toda a pujança!....
Todo o espírito académicooooooo...
E do mais fundo de mim, sai um Eéeeeeeeefeeeeerrraaa!...frá
FRE!...fré
FRI!...fri
EéeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeFROóooo!...fró
EéeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeFeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeRUuuuuuuuuuuuuuuuu!...fru Frá, fré, fri, fró, fru!
Arriquá, riquá, riquá!
Arriquá, riquá, riquá!
Chiribi, tá, tá, tá, tá!
Chiribi, tá, tá, tá, tá!
Urra, urra, urraaaaaaaaa!
Ahhhhhhhh, coisa mai' lindaaaaaaaaaaaa!]
Perdoa...ainda se te traio...
Mas preciso de ver, urgente, o MaR!...
Coimbra, aos 09 de maio de 2007
- último dia da Queima das Fitas -
para sempre tua,
elsíticas [1993-2001]
2 comentários:
Não sejas tão pessimista,
pois no nosso tempo já era assim,
a queima era pra ver cantar o artista,
apanhar bebedeiras fazer jantaradas e afins.
Já nossos avós e pais se lamentam,
daquilo que era e já não é,
não é declínio é evolução,
são novos tempos preservando costumes e tradição,
que se mantém sempre de pé,
e que nosso espírito alimentam!
Não fiques triste que não é perda de espírito,
mas mantém sempre a venta com pelo,
vale sempre a pena ter sentido crítico,
mas já não ser um velho do Restelo!
Queridíssimo...
sinto-me uma cota do restelo, é um facto!...
Mazelas que o corpo carrega como resistentes, mas mais cansado...
O que custa é doer cá dentro, sabes?...
Que é feito das bocas que se escrevinhavam nas noites sem fim da GNR?
Que é feito das bebedeiras constantes que se apanhavam no Costa?
Que é feito do traje que se envergava orgulhosamante sem ser preciso sentir-se o cheiro da Queima por perto?...
Ontem vi o Fórum cheio de estudantes esfaimados que comiam hamburguers!!!
Que é feito?...
Não é um sentimento de pena, vê bem...mas de perda...
perda profunda...
Parece que falta um pedaço de mim...que só cala pela saudade!
Coimbra tem, de facto, mais encanto na hora da despedida...
Ahhhhhhh saudade!...
Esse nobre e luso sentir que noutra língua não encontra expressão!...
Essa saudade há-se ser nossa para sempre...
Essa ficará aqui, bem dentro, bem longe do tempo e da distância...
Coimbra, sempreeeeeeeeeee!
;~(((
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