Recomeça...
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.
Miguel Torga, in Diário XIII
3 comentários:
Sísifo sempre foi uma personagem/ideia inspiradora da minha vida, quer nos melhores momentos quer nas piores circunstâncias.
Outra coisa, se ama tanto Macau como diz, porque usa o mandarin?
Caríssimo anónimo: para começar, deixe-me dizer-lhe que será sempre bem recebido neste meu humilde espaço! Quanto à pergunta que me faz dir-lhe-ia, para parafrasear Pessoa, que, antes de mais,a minha pátria é a língua portuguesa... Macau não foi nem uma paixão nem um amor à primeira vista, pelo contrário, foi uma daquelas relações que foi crescendo e ficando mais estável com o desenrolar dos dias e sempre com base em alicerces bons e maus... Quanto ao uso do mandarim, faço-o porque gosto, como também faço uso do inglês e do português...gosto de línguas e o mandarim, quanto a mim, é uma delícia!De resto, também uso algumas expressões em cantonense, embora não domine tão bem...
Bem-haja por ter passado por cá e apareça!
Antes de mais, gostaria de frisar que gosto do seu site, porque traz algo de interessante, uma perspectiva feminina da minha querida cidade e não só.
Todavia, fiquei perplexo com o seu uso indiscriminado de caracteres simplificados e do pinying, daí a minha pergunta.
Com efeito, no dia em que Macau predominasse o mandarin e os caracteres simplificados (pois claro para além do desaparecimento do português), deixaria de ser uma das cidades especiais da RPC e passaria a ser apenas mais uma cidade chinesa como tantas outras.
Penso que no seu dia-a-dia, já reparou que os chineses locais fazem tudo, mas silenciosamente, para manter o cantonense e a escrita tradicional nas escolas.
E isto não é fruto do mero acaso, mas sim, parte de uma luta milenar entre o poder central e o poder local.
Portanto, na minha humilde opinião, não deveremos ser nós a contribuir, inconsciente-mente, para o fim do status quo, não é verdade?
Por outro lado, não nego que o texto chinês contemporâneo composto de acordo com a matrix do mandarin (não sei se exprimi bem) é bem mais estético do que em cantonense.
Aliás, prefiro ler obras de autores da China Continental do que as de Hong Kong, exceptuando um ou dois.
Ah, mas também tenho de dizer, modéstia à parte, que a récita em cantonense dos poemas clássicos da Dinastia Tang são muito mais melodiosos, dado que os noves tons do cantonense se aproximam mais do chinês clássico.
Enviar um comentário