segunda-feira, julho 10, 2006

TRISTE FADO, ESTRANHA CONDIÇÃO

Perdemos! Perdemos a meia-final - Merde! - e o último dos lugares do pódio - Scheisse!
Pois é, lá diz o ditado que de pequenino é que se torce o pepino” e nós, tugas, habituámo-nos, desde muito cedo, a ouvir coisas do tipo “o que interessa é participar” ou “que se lixe”, como dizia, há dias, o Miguel Esteves Cardoso...
Contentamo-nos sempre com pouco e, por isso, nunca somos, de facto, os melhores em nada... Somos, orgulhosamente, os eternos “gajos porreiros” que habitam naquela terra de brandos costumes atrás do sol posto!
E que brandos que são os nossos costumes!Tão brandos que mal se ouvem no resto do mundo... Valha-nos, apesar de tudo, o futebol! Sempre ficámos entre os quatro melhores... - lá está o tal espírito de que falava há pouco, tuga que é tuga, há-de contentar-se, sempre, com alguma coisinha...
O que é, afinal, isso do ser português?
Em plena ressaca do Mundial e atracada, sem prazo, nesta “doca do fim do mundo”, dei por mim a sentir Portugal “debaixo da minha pele”... E parafraseando Pessoa, diria: “primeiro estranha-se, depois entranha-se...”
Nada e criada em terras lusas, nunca tinha, com efeito, passado pela minha cabeça esta dúvida existencial do “ser ou não ser” portuguesa. Foi coisa que sempre tive como dado adquirido e ponto final. Mas quando, de repente, “soltei amarras” e “zarpei” em direcção à sedutora baía de A-Ma, depressa comecei a sentir a nossa “ocidental praia lusitana” cada vez mais longe e, paradoxalmente, tão mais perto...
Sim, porque se hoje sei, com mais propriedade, o significado dessa SAUDADE - que é a mais portuguesa das palavras – a culpa é todinha da cidade do santo nome de Deus de Macau!
Somente a distância, geográfica e não só, me permitiu “ver de fora” que o povo português é, por natureza, um povo que nada consegue sem esforço, que tem que lutar arduamente para se fazer notar, que faz do sofrimento um modo de vida... O Mundial e os media, disso tudo, são, de resto, o retrato fiel... Percebo, agora, porque fomos nós quem inventou o FADO!...
Mas, por outro lado, e à medida que venho conhecendo outras culturas e vivências, aprendi, também, porque é que “numa casa portuguesa fica bem pão e vinho sobre a mesa” – que bem que sabem o presunto, o queijo, a broa e o “tintol”, nestas paragens do sol nascente!
Resumindo e concluindo, nasci portuguesa, mas foi Macau que coloriu a minha alma de verde e vermelho, que me entristeceu o fado, que desvendou esta estranha condição...

1 comentário:

Anónimo disse...

Solidário consigo.